Para quem faz do busão, uma verdadeira paixão!

domingo, 21 de agosto de 2016

Entrevista com o pesquisador da história dos transportes, Leonardo Vicente

Depois de entrevistar o escritor Carlos Bezerra, autor do livro "O Recife e suas ruas", e Seu Lula, amigo de muitos anos de Seu Elias, dono da Viação Mirim, agora chegou a vez de entrevistar o busólogo Leonardo Vicente, um dos maiores pesquisadores da história dos transportes em Pernambuco e que há mais de vinte anos estuda a temática. Confira no blog a entrevista onde o pesquisador nos cedeu informações preciosas do seu acervo!

Pesquisador estuda a história dos elétricos há mais de vinte anos. Foto: autor desconhecido
1- O que o motivou a pesquisar sobre o tema?

O fato de gostar do tema,pois desde a adolescência que tenho interesse em saber mais sobre o sistema de transportes da RMR.

2- Quais as lembranças que o sr. tem do transporte recifense na sua infância?

Tenho muitas lembranças e a mais marcante é a dos ônibus elétricos, pois desde criança era fascinado por eles,além dos elétricos tenho lembranças do ônibus de primeiro andar (apelidado de Fofão),dos primeiros articulados a rodarem aqui no Recife e dos Torinos Padron que a CTU possuiu,além dos veículos também me lembro das empresas extintas e suas pinturas, como por exemplo, a da Rodoviária Machado, Amapá, Rio Pardo,CTU,Nápoles,Senhor do Bomfim,Empresa Oliveira e Auto Expresso Oliveira dentre outras.

3-Se você pudesse voltar no tempo, e tivesse nas mãos o poder de mudar alguma coisa, o que mudaria no nosso caótico sistema de transportes?

Traria de volta o sistema de ônibus elétricos e os bondes com linhas turísticas.

4-Na sua concepção, o que ocasionou o fim da CTU e dos trólebus do Recife?

A extinção da CTU/Recife foi motivada por causa de prejuízos financeiros que ela causou aos cofres da Prefeitura do Recife,consequência de más gestões que passaram pela estatal. Já os trólebus foram extintos por conta do não cumprimento do contrato de privatização da CTU que previa a renovação total da frota,bem como a manutenção da rede aérea.Além disso os 49 trólebus Marmon Herrington que a CTU possuia e os 10 Caios Amélia que vieram de Ribeirão Preto foram vendidos como sucata,não houve a preocupação em se guardar pelo menos um veículo.

5-Recentemente, houve notícias de que a licitação poderia ser anulada. Você acha que houve retrocesso, na decisão de tentar anular a licitação, ou mesmo se a licitação permanecer quase nada mudaria?

Considero um retrocesso,pois acredito a licitação traria algumas melhorias para o sistema de transporte na RMR em todos os aspectos.Pois do ponto de vista jurídico existiria uma obrigação contratual entre Estado e empresas operadoras.

6-O Brasil não tem a cultura de preservar a sua história e a sua memória, sendo assim, como as futuras gerações poderão conhecer a história do nosso transporte?

Infelizmente, em Pernambuco não existe um museu dedicado aos transportes e que eu conheça não há livros falando do transporte em Pernambuco.Conheço apenas um livro sobre transporte que foi escrito por Waldemar Correia Stiel que possui um capitulo com algumas informações sobre os bondes e trólebus daqui.É por isso que pretendo um dia publicar as informações que coletei em minhas pesquisas num blog.

7-Há dois anos, a Urbana-PE, que representa o Sindicato das empresas de ônibus, divulgou para o grande público uma mostra revelando a evolução do transporte de passageiros, do ano de 2004 até então. Como o sr. avalia a evolução do transporte público nos últimos dez anos?

Na minha opinião, evoluiu pouco, pois houve pouca priorização ao transporte público.Até hoje temos grandes corredores como a Abdias de Carvalho que não possuem uma faixa exclusiva para o transporte público,além disso o transporte ferroviário foi deixado de lado,na minha opinião foi um erro muito grande,pois que no meu entendimento seria uma excelente alternativa para melhorar o trânsito de Recife.

8-Você tem um material muito importante em seu acervo sobre a historiografia do nosso transporte, acumulados ao longo de duas décadas de pesquisa, especialmente sobre a história dos trólebus. Pretende transformar esse material em livro?

Na verdade eu possuo pouco material,porque infelizmente na minha época de adolescente era difícil conseguir uma câmera fotográfica ou de vídeo. Parte do material que tenho foi coletado no Arquivo Público Estadual e o restante foi fruto de pesquisas na internet ou material cedido pelo meu amigo Júnior Martins, através de contatos com alguns entusiastas de trólebus de São Paulo.Já pensei na possibilidade de escrever um livro,mas acredito que vou construir um blog e publicar as informações que consegui coletar.Atualmente ajudo meu amigo Júnior Martins a manter a página sobre os trólebus de Recife no Facebook (https://www.facebook.com/Tr%C3%B3lebus-%C3%B4nibus-el%C3%A9tricos-do-Recife-151930651543230/)

9-No final dos anos oitenta, especulava-se pela volta dos bondes ao Recife. Há alguns anos, já houveram boatos que circularam nas redes sociais sobre a possível volta dos ônibus elétricos às ruas da capital pernambucana. Você acha que existe a possibilidade dos trólebus voltarem um dia?

Não, pois a rede aérea foi totalmente desmontada e os atuais governos não demonstram interesse em reativar esse tipo de modal.

10-Allen Morison, Sérgio Martire e Ricardo Aparecido de Morais eram busólogos e, talvez, não sabiam. Eles, como todos sabem, fotografavam pelas ruas do Recife e até pelo mundo afora diversos modelos de ônibus que hoje consideramos verdadeiras relíquias e raridades. O que o sr. tem a dizer sobre eles, que também contribuíram com a história do nosso transporte?

Todos os três tiveram importância,mas eu destaco o trabalho de Allen Morison, pois ele foi o único (que eu saiba) que filmou os elétricos no final da primeira fase do sistema, em 1980. O Sr. Sérgio Martire fotografou os elétricos um pouco antes do sistema trólebus ser desativado em 2001,além disso fez vários registros do modal ferroviário.Já o Ricardo Morais   dedicou-se a fotografar ônibus a diesel de diversas empresas ,inclusive de empresas daqui.

sábado, 13 de agosto de 2016

Serviço opcional de ônibus ganha cada dia mais adeptos no Recife e é modelo para outras cidades

Recentemente, Vera Cruz implantou o sistema para atender à Zona Sul do Recife. Foto: NE10
Considerado um serviço de transporte diferenciado e direcionado também à classe média, por dispor de ônibus que contam com ar condicionado, poltronas reclináveis e são mais confortáveis, os ônibus do serviço opcional de transporte vêm ganhando, a cada dia, mais adeptos e conquistando a preferência dos usuários. O serviço - que inclusive estimula quem tem automóvel a deixar o veículo em casa - é oferecido por algumas empresas de ônibus do Recife, como Borborema, Vera Cruz e Transcol, e tem como proposta trazer mais conforto e comodidade aos passageiros.

Quem utiliza o transporte diariamente aprovou o serviço e a sensação dentro dos coletivos de transporte especial é de estar viajando num ônibus com destino ao interior, pelas características dos veículos opcionais se assemelharem com os de transporte intermunicipal. Já para os empresários, por verem o retorno financeiro que o serviço traz - mantido em parceria com o governo do estado - decidem apostar cada dia mais nessa modalidade de transporte e manter o sistema opcional, que demanda uma tarifa diferenciada, mas que compensa e vale a pena. Afinal, como todos sabem, manter o transporte opcional é mais caro do que manter o convencional.

Empresa Transcol opera linha em parceria com a Borborema. Trata-se da 518 - Apipucos/Shopping RioMar. Foto: blog do Jailson Mobilidade
A primeira empresa a apostar nesse tipo de serviço no Recife, de que se tem registro, foi a Imperial Borborema, do empresário Arthur Swchambach, em 1981. Na época, os micro-ônibus serviam a uma linha opcional denominada "Circular", atendendo ao Shopping Recife e aos bairros vizinhos no entorno do empreendimento. A então novidade era uma parceria do Shopping Center com a empresa de ônibus e ganhou até um comercial na tevê com o objetivo de divulgar este serviço à população em plena década de 80! Hoje, decorridos trinta anos, a modalidade continua fazendo sucesso e ganhando cada dia mais adeptos.

Empresa de Swchambach foi pioneira ao apostar no transporte opcional no início do anos 80. Foto: busdowanderblit.wordpress.com
Como se sabe, a Borborema, grande precursora desse sistema, implantou na capital pernambucana o modelo de transporte que, anos mais tarde, foi copiado pelas demais empresas operadoras e que é sinônimo de sucesso até hoje. As empresas Transcol e a atual MobiBrasil (ex-Rodoviária Metropolitana), mantiveram o serviço até meados dos anos 2000. A Viação Mirim manteve durante muito tempo micro-ônibus servindo a linha municipal 405 - Jaboatão/Piedade. Nos últimos anos, outras duas empresas que fizeram a adesão do modelo opcional foram a São Judas Tadeu e a Vera Cruz, que dispõe de ônibus opcionais na linha 214 - UR-10 (Ibura). A alternativa de transporte foi uma solicitação da própria comunidade do Ibura ao Grande Recife Consórcio de Transporte.

Ao contrário do transporte convencional de passageiros, administrado pelo Grande Recife Consórcio de Transporte juntamente com cada empresa operadora, o opcional é gerenciado pelo estado. As linhas que operam o transporte especial no Grande Recife são: 072 - (Candeias Opcional), 042 - (Aeroporto Opcional), a 195 - Porto de Galinhas/Recife, a 053 - RioMar Shopping Opcional, a 518 - Apipucos/RioMar (Opcional) e a 214 - Ibura (opcional). Quem embarca em cada coletivo encontra uma boa opção para fugir do estresse do trânsito.

Caruaru

Empresa Tabosa, de Caruaru, também investe no conforto e comodidade de seus passageiros. Um agradecimento ao blog Executive Bus e ao amigo Rodrigo Fonseca por postarem a foto.
Não é só a capital pernambucana que conta com o sistema opcional. Cidades do interior do estado, como caruaru, por exemplo, também investem nesse tipo de serviço. A empresa Tabosa, tradicional companhia de transportes da Capital do Forró, oferece em seus ônibus alguns "mimos" aos passageiros, como cortinas nas janelas para proteger dos raios solares e TV nos coletivos para levar informação e entretenimento aos usuários. A Tabosa, empresa que fincou sua bandeira na cidade caruaruense, sempre investe na qualidade do serviço de transporte.