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Primeiro Caio Vitória ainda na montadora |
A
década de 1990 foi rica em modelos e tipos de ônibus produzidos no Brasil.
Grandes montadoras como Marcopolo, Busscar e Caio se consolidaram no país e se
destacaram pela produção em ritmo frenético de ônibus que se tornaram clássicos
de uma época. Grandes famílias de ônibus – como o Torino e o Ciferal, por
exemplo, ganharam a confiança dos usuários e marcaram presença nas garagens de
ônibus. Com o Caio Vitória não foi diferente. O ônibus atravessou gerações e se
adaptou às diversas configurações e versões aplicadas ao longo de pouco mais de
uma década presente na linha de produção da fábrica.
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Caio Vitória na fábrica em 1993 |
Projetado pela primeira vez em 1987 e lançado no ano seguinte, o
modelo de ônibus urbano Caio
Vitória atravessou diversas conjunturas políticas, econômicas e sociais do
Brasil. Momentos difíceis no país como a inflação, a estabilização monetária
e a expansão da indústria automobilística, que já na década de 1990
esbarrava nos grandes congestionamentos dos principais centros urbanos.
Ao brasileiro e usuários do transporte coletivo, restou buscar outras
opções de transporte, inclusive os que utilizam energia limpa, como o
metrô movido a eletricidade e a bicicleta, por exemplo.
Sem
dúvida, o Vitória deixou saudades. Hoje em dia, sua presença nas ruas não é tão
evidente como era a 15, 20 anos atrás, quando o veículo era sinônimo de
perfeição e qualidade. No Recife, praticamente
todas as empresas possuíam o Caio Vitória, que era referência em
transporte de passageiros e se destacava até mesmo do modelo mais próximo de
sua geração: o Caio Alpha. Mantendo um bom nível de vendas, o Vitória fechou o
ano de 1995 com bons índices de aprovação entre os usuários. Nas ruas, algumas
características chamavam a atenção e tornaram este tipo de ônibus especial: a
suspensão elevada, a tarja preta nos faróis traseiros (presente em alguns
modelos) e o ronco do motor que ecoava com intensidade.
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Caio Vitória com porta central e motorização traseira. Modelo na foto é encarroçado sobre chassi Volvo. |
Nesta
foto abaixo, registrada em 1994 e noticiada pelos jornais na época,
observamos a greve dos funcionários de
uma empresa de ônibus do Recife por reivindicações da categoria. Vemos também
que a principal “estrela” da foto é um ônibus Caio Vitória modelo Scania L-113
CL, de motorização traseira; este busão possuía um ronco de motor incomparável
e confere certa nostalgia ao transporte recifense da década de 1990. A imagem,
ao que parece, foi fotografada em frente à garagem da empresa e, com certeza,
ficará na lembrança de muita gente que vivenciou o período. Ao longo de sua
história, o ônibus se destacou por seu design robusto e diferenciado, sem
perder suas principais características originais de fábrica, nas várias versões
do modelo.
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Nesta foto histórica registrada em 1994, durante a greve da Borborema, observamos na imagem um Caio Vitória de motorização traseira. |
Mas o Vitória conseguiu se destacar entre diversas outras
carrocerias de ônibus e acabou entrando para a história. Afinal, nossos pais e nossos avós devem ter utilizado este
ônibus que, com seu design, deixou sua marca registrada e chamou a atenção de
diversos frotistas e empresários de transporte do Brasil. Com o fim de sua
produção, cuja última unidade do veículo foi fabricada em 1997, o Vitória
consolidou sua marca e deixou um grande legado na história do transporte
coletivo de passageiros, ficando conhecido como um ônibus que fez história no
Brasil e que marcou gerações. Afinal, quase todos têm uma história para contar
sobre o Caio Vitória, desde os seus avós, passando pelos seus pais até o seu
irmão mais velho que vivenciou a época, um ônibus em que sua presença se tornou
quase obrigatória nas garagens dos empresários de transporte.
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Caio Vitória articulado, criado para suprir a grande demanda de usuários |
Além
do mais, devemos destacar também o
modelo encarroçado sob o chassi Scania,
um item que conferia certa exclusividade
ao veículo. Trata-se do Caio Vitória urbano Scania L-113, lançado em
1991 no Recife. A imprensa destacou na época o evento de lançamento que contou
com a presença de figuras importantes do mundo empresarial dos segmentos
rodoviário e automobilístico, como dos empresários Luiz Morato, da antiga São
Paulo, Paulo Chaves, da atual Caxangá e
Luciano, da empresa Transcol, entre outras personalidades. Na ocasião, a
reportagem ainda ressaltou que o então novo ônibus da marca Vitória montado sob
o chassi Scania contava com suspensão a
ar nos eixos dianteiro e traseiro, sistema de auto nivelamento e amortecedores
que proporcionavam um rodar macio e seguro. Esses e outros itens traziam mais
comodidade aos passageiros. Uma verdadeira revolução para o setor de
transportes na época.
Fábrica da Caio Norte em Jaboatão/PE, hoje desativada. |
E
para não deixar passar em branco na história, neste breve resumo que faço sobre o Caio Vitória, não poderia deixar de
falar sobre uma das unidades industriais responsáveis pela fabricação desse tipo
de ônibus, instalada durante muitos anos no município de Jaboatão dos
Guararapes, a 19km do Recife e que produziu muitos veículos do modelo em larga escala,
possibilitando uma maior adesão dos empresários. Atualmente desativada, a
fábrica contribuiu significativamente
para a construção da história dos transportes. Se adaptou às transformações da
indústria de chassis e motores. Deixou um grande legado. Popularizou no
Nordeste um produto idealizado no Sul do país. Expandiu fronteiras e hoje
remete apenas às lembranças de um passado rico e nostálgico.
Só corrigindo: Ele não ficou pouco mais de uma década em produção e sim 8 anos. No mais, perfeita matéria!
ResponderExcluirBusão que marcou minha infância, que saudades ❤️
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