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segunda-feira, 20 de julho de 2015

Por que os trólebus e os ônibus de dois andares da CTU foram desativados?


Muito se fala a respeito da desativação dos trólebus do Recife e também dos famosos "ônibus de dois andares", como eram conhecidos, ambos da antiga CTU, porém pouco se sabe sobre o porquê da retirada desses veículos de circulação. Registros históricos apontam para a total decadência do sistema de ônibus elétricos da cidade do Recife e o sucateamento dos ônibus a diesel da empresa CTU, como se pode observar em reportagens antigas de jornais.

Esta era a visão interna de um trólebus da CTU Recife na década de 1970
Nesse mesmo contexto, também merece destaque a história do ônibus de dois andares, que passou curtíssimo tempo operando o transporte de passageiros, pois fora retirado de circulação pelo sucessor de Joaquim Francisco na gestão municipal, que alegou altos custos de manutenção e risco de acidentes com a fiação elétrica da cidade. Segundo o presidente da Pernambuco Ônibus Clube, Valdir Lima:

"A desativação não teve nada haver em relação a "fiação da cidade" se fosse por este motivos eles nunca teriam operado. Simplesmente toda vez que mudava de gestão no executivo municipal, apareciam as "novidades" na antiga CTU, inclusive até as cores da frota mudava. O Prefeito Joaquim Francisco investiu neste modelo, já o seu sucessor retirou tudo alegando alto custo de manutenção e que o risco de acidentes era grande. Esta sim é a verdade."

Logo após a aquisição da empresa CTU em 2001 pela Cidade do Recife Transportes (CRT), o serviço de trólebus ainda tentou sobreviver sendo mantido pela CRT. No entanto, sem sucesso, o serviço de ônibus elétricos durou poucos meses na nova gestão, tendo em vista que a maioria já estava sucateada e por isso foi preciso importar trólebus usados de uma empresa de outro estado do país. Muito se discute, hoje em dia, sobre a implantação de ônibus elétricos sob o argumento de que eles consomem energia limpa, no entanto pouco se faz para que isso se concretize.


Os ônibus de dois andares da CTU passaram curtíssimo tempo circulando no Recife
Tanto o ônibus de dois andares quando os saudosos ônibus elétricos ficarão para sempre na memória daqueles que vivenciaram a época da CTU. Talvez personagens da política ou mesmo empresários do setor, por não enxergarem viabilidade no negócio, decidiram pelo fim desses veículos. Em 2006, toda a sucata dos elétricos foi desmontada e revendida ao ferro-velho. Não sobrou um sequer para contar a história. Hoje, treze anos depois do fim definitivo da CTU, a única lembrança que restou da estatal é o seu antigo prédio-sede, no bairro de Santo Amaro, Zona Norte do Recife.


Esta manchete de jornal de 1998 noticiava a decadência da CTU e dos trólebus
Hoje, terreno que já foi a garagem da antiga CTU um dia, serve de depósito de veículos apreendidos da SDS/PE



Até hoje, o que se sabe a respeito do sistema de trólebus do Recife é que a CRT, empresa que comprou a CTU, não cumpriu o contrato de privatização que estabelecia a renovação da frota de trólebus. Desta forma, todos os ônibus elétricos e demais veículos a diesel, assim como o "ônibus de dois andares", agora fazem parte apenas de lembranças do passado. A CTU quase chegou a monopolizar o transporte de passageiros no Recife e era uma das maiores empresas do sistema.

Pegando carona na questão dos ônibus elétricos, depois de vasculhar arquivos e pesquisar bastante, encontrei algumas informações sobre o Thamco ODA, popularmente conhecido como "ônibus de dois andares". Este circulou no Recife durante o período de 1990 a 1992, o veículo era considerado uma raridade por ser o único modelo urbano de dois andares a circular na capital pernambucana. Ao trafegar, sua carroceria balançava muito e seu espaço interno era mais apertado em relação aos ônibus convencionais. Muitos busólogos e admiradores de ônibus que vivenciaram a experiência de andar no Thamco ODA, lembram-se dessa época que deve ter sido inesquecível.

terça-feira, 14 de julho de 2015

Entrevista com Seu Lula, um dos fundadores da Viação Mirim, sobre a história da empresa


Seu Lula, um dos fundadores da Viação Mirim e um grande amigo dos busólogos, me concedeu esta pequena entrevista com algumas informações sobre a história desta empresa.

Por que o nome “Mirim”?

Foi um nome escolhido aleatoriamente que ele batizou a empresa, virou sua marca registrada e deu certo até hoje.
Como surgiu a empresa?

A primeira linha foi Cavaleiro/Ceasa e começou com os micro-ônibus e as kombis. Seu Elias era prestamista e vendia quadros, até fundar a empresa, que naquela época era denominada Auto Lotação Mirim e teve dificuldade para operar por causa do sistema de transporte que era desorganizado na época.

Quais foram as dificuldades e os desafios que a empresa já enfrentou nestas décadas de existência?

A concorrência com as demais empresas de ônibus, como Metropolitana e Borborema, já que o setor de transporte de passageiros no Recife ainda não era regulamentado antes da chegada da EMTU.

Como era o tempo das linhas de Camaragibe e por que a empresa deixou de operar naquela área?

Aquelas linhas (6 linhas) eram Tabatinga, Santa Mônica, Cosme Damião, entre outras que não me recordo agora e estas causavam prejuízo. As pessoas queriam andar de graça, apresentavam carteiras de estudante falsas e algumas até chegavam a ameaçar o cobrador. Isso até meados dos anos 2000. Depois a Rodoviária Metropolitana comprou as linhas e ganhou na antiga EMTU a concessão definitiva dessas linhas e o direito de operá-las naquela área.

Como se deu a transição dos micro-ônibus para os ônibus convencionais?

Elias fez a troca dos micro-ônibus pelos ônibus grandes na antiga Norasa da Imbiribeira, onde hoje funciona a loja TendTudo. Aos poucos, ele foi pagando o financiamento dos ônibus maiores até quitar integralmente toda a dívida.

Como é a relação de Seu Elias com os demais empresários de transporte?

Ele sempre foi uma pessoa simples, humilde e gosta de conviver com os mais pobres. Nunca foi de estar muito com pessoas ricas, mas cultiva uma amizade com o dono da Metropolitana.

Nos anos 80 e 90, era muito comum a publicação nos jornais impressos de manchetes noticiando aquisições de ônibus feitas pelas empresas. O senhor lembra de alguma reportagem sobre a Mirim?

Eu não acompanhava muito essas notícias, não. Meu tempo mesmo era mais dedicado ao trabalho.

É verdade que empresas como a Borborema e a Metropolitana já estiveram interessadas em comprar a Mirim?


Sim, já tentaram muitas vezes, mas ele não quer vender.